Sl 104.1
“Bendiga o Senhor a minha
alma! Ó Senhor, meu Deus, tu és tão grandioso!
Este salmo é um hino ao Criador. O
autor pré-exílico utiliza-se do grande tema que é a criação visível ao seu
redor – o manto radiante e majestoso com que o Criador se vestiu a fim de demonstrar
a sua glória (Sl 104.1,2; ver também Sl 19.1).
Com base no primeiro capítulo de
Gênesis, o poeta faz uma adaptação daquele relato ao seu propósito, dando seqüência
ao próprio desígnio. Enquanto Gênesis Cap. 1 relata a criação como a primeira
obra de Deus no princípio, o poeta contempla a criação diante dos seus olhos e
canta a glória do seu Criador e Sustentador (Sl 104.31).
A primeira estrofe (Sl 104.2-4), fala
do âmbito celestial – luz, céus, nuvens, ventos e os raios da tempestade, aqui
personificados como mensageiros para cumprir uma determinação divina (ver Sl
147.15). A segunda estrofe (vv. 5-9), fala do âmbito terrestre – canta a
respeito dos fundamentos sólidos e fronteiras seguras da terra. A terceira
estrofe (vv. 10-18) – celebra a vida luxuriante na terra, como jardim
florescente de vida: a dádiva das águas regando os montes e saciando a terra (ver
também Gn 1.21, 30-31). A quarta estrofe (vv. 19-23) – fala a respeito dos
ciclos da vida na terra, governados pelo sol e pela lua (ver também Gn
1.16-18). A quinta estrofe (vv. 24-26) – fala do âmbito marinho: o mar e
inúmeras criaturas pequenas e grandes (ver também Gn 1.20,21). A sexta estrofe
(vv.27-30) – relata como Deus mantém a vida na terra.
Toda a sua criação dá testemunho da
soberania, do poder, do cuidado amoroso e da fidelidade do Deus que a criou.
Nada existe que não seja objeto do cuidado específico do Criador (ver também Mt
6.26).
A terra está edificada sobre os
fundamentos que Deus estabeleceu para ela (Sl 104.5,9; ver também 93.1; 96.10).
A ordem e as estações da terra continuam preservadas, e o arco-íris ainda nos
lembra a fidelidade de Deus para com a sua palavra (ver Gn 9.8-17). Nunca mais
será ceifada nenhuma forma de vida pelas águas de um dilúvio. Nunca será movida
por ninguém, apenas por Deus. Ele garante a sua permanência. Embora saibamos
que um dia os céus e a terra serão destruídos (2Pe 3.19), Deus criará outros
que durarão para sempre (ver Is 65.17; Ap 21.1).
Maravilhado diante do modo soberano de
Deus ordenar a criação e motivado pela sua magnificência, o poeta conclui o
salmo com um voto de louvor irrestrito: “Cantarei ao Senhor toda a minha vida;
louvarei ao meu Deus enquanto eu viver” (v. 33).
Deus não é apenas o coordenador das
forças naturais. É o Criador, Sustentador e Dono do mundo inteiro. Quando
compreendemos o seu poder, percebemos que Ele é suficiente para governar a
nossa vida. Merece, portanto, o louvor de todas as pessoas por tudo o que
criou!