Disse, porém, o Senhor a Moisés: “Eu lhes farei chover pão do céu. O povo sairá e recolherá diariamente a porção necessária para aquele dia. Com isso os porei à prova para ver se seguem ou não as minhas instruções. No sexto dia trarão para ser preparado o dobro do que recolhem nos outros dias”.
Esse “pão do céu” também chamado “maná” era um alimento especial, que Deus fornecera milagrosamente para os israelitas durante 40 anos no deserto (ver Ex 16.14-31). Dar a eles o pão quando precisavam era a forma de Deus ensinar-lhes a confiar nEle e testá-los para ver se obedeceriam às suas instruções detalhadas no tocante a: dependência: confiar inteiramente no Senhor e esperar do céu a provisão diária; diligência: colher o maná; a fé deve resultar em ação, caso contrário, ela morrerá (Tg 2.14-17); prontidão: ao sair pela manhã (v.8); perseverança: ao colher diariamente (v.4). O Senhor não nos dá tudo de uma só vez. Não podemos armazenar as bênçãos, depois cortar a comunicação com Deus (ver Lc 12.17-20 e Pv 30.8,9); gratidão, por uma provisão gratuita (Sl 103.1); compreensão da bondade de Deus em prover o fornecimento (Mt 7.11).
Vemos da parte de Deus longanimidade, no suprir as necessidades do povo, apesar das suas murmurações (v.3,7); recurso inesperado (1Co 2.9), ao fornecer pão do céu; continuado interesse, no fornecer diariamente (Dt 5.29; Jo 16.24; 14.13,14); poder criador, ao mandar pão do Céu (ver Sl 33.9; Rm 4.17; Is 43.16); vontade soberana: interrompendo o fornecimento aos sábados (v.23). Deus conhece as nossas necessidades (Mt 6.32) e sabe que não é possível o deserto deste mundo alimentar a nossa vida espiritual (Jo 15.19,20).
Para aproveitar bem o maná, era necessário colhê-lo cedo (v.13): o alimento espiritual deve ser a nossa primeira preocupação (Mt 6.33); cada manhã (v.21): sua existência diária dependia exclusivamente da provisão divina; colher para o próprio sustento e para a família (v.16) - para o culto doméstico; comer todo o colhido: aqueles que ficam ansiosos são consumidos pelo temor e consideram difícil confiar em Deus (Mt 6.34). O pão do céu, guardado, mas não comido, “criou bichos e cheirava mal” (v.20). Ao alimentarmos da Palavra nos identificamos com o cheiro de Cristo (2Co 2.15); não colher no sábado (v.23): Deus sabia que a ocupação cotidiana do povo poderia impedi-los de adorar. Guarde cuidadosamente o seu tempo com Deus. Não deixe que as inquietações com o amanhã afetem seu relacionamento com Deus, hoje.
O maná estava no deserto, mas não era do deserto (Dt 8.15). Seu sabor não era terrestre, era pão “do céu”. Era uma figura de Cristo na Sua humilhação aqui no mundo (Jo 17.16). Jesus fez uma alusão ao maná que os antepassados judeus receberam no deserto dizendo que aquele pão era material (físico) e temporal (Jo 6.49). O povo o comeu e foi sustentado fisicamente por um dia. Porém, necessitava de mais pão a cada dia; e o pão não era capaz de evitar que morressem. No entanto, Jesus ofereceu a si mesmo como o Pão espiritual do céu, que satisfaz completamente a nossa fome e nos leva à vida eterna. Em Jo 6.51 Ele declarou: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer desse pão, viverá para sempre”. Comer o Pão vivo significa aceitar a Cristo em nossa vida e unirmo-nos a Ele.
Para os israelitas, o maná era um presente de Deus – chegava todos os dias, na quantidade necessária durante os 40 anos no deserto (Ex 16.35). Ao chegarem na abundante Terra Prometida “cessou o maná no dia seguinte, depois que comeram do trigo da terra” (Js 5.12). De igual forma, no reinado de Cristo, o povo de Deus já não terá que perseverar em oração por suas necessidades diárias, pois o Senhor atenderá as suas orações sem demora (Is 65.24). Cristo é o nosso maná espiritual durante nossa jornada no mundo desde o dia de nossa salvação até que O vejamos face a face (1Jo 3.2). Quando oramos “dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano” (Lc 11.3), estamos reconhecendo que Deus é quem sustenta e supre nossas necessidades. Confie no Senhor e aprenda a viver um dia de cada vez.