“Voltei-me e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos valentes, a peleja, nem tampouco dos sábios, o pão, nem ainda dos prudentes, a riqueza, nem dos inteligentes, o favor, mas que o tempo e a sorte pertencem a todos. Que também o homem não conhece o seu tempo; como os peixes que se pescam com a rede maligna e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se enlaçam também os filhos dos homens no mau tempo, quando cai de repente sobre eles”.
O nosso relacionamento com Deus deve estar acima de todas as coisas: do conhecimento secular, do talento humano e riquezas terrenas. É bom fazer planos, mas eles nos desapontarão se deixarmos Deus de fora deles. Não há razão para fazê-los como se Deus não existisse, porque o futuro está em suas mãos. “Ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas”, disse o apóstolo Paulo em Atenas, num de seus discursos (At 17.25). Ao estabelecermos alvos e planos para o futuro, devemos buscar a Deus e a sua vontade para não cairmos no laço da presunção (ver Lc 12.16-21). Devemos reconhecer que a verdadeira felicidade e uma vida de beneficência dependem totalmente de Deus.
Deus criou o mundo para receber a Sua glória e para ser um lugar onde a raça humana pudesse compartilhar da Sua alegria e vida. Cada parte da criação por Ele efetuada executou plenamente a Sua vontade e propósito. Sete vezes Deus declarou que aquilo que Ele criara era “bom” (ver Gn 1.4,10, 12, 18, 21,25 e 31). Nesse ambiente perfeito Deus colocou o homem, lhe deu uma lei simples e o advertiu das consequências da desobediência (ver Gn 2.15-17). Com a entrada do pecado, toda pessoa ao nascer, entra nesse mundo, com uma natureza pecaminosa. Essa corrupção da natureza humana abrange o desejo inato da pessoa seguir seu próprio caminho egoísta, ignorando a Deus e ao próximo, e é transmitida a todos os seres humanos (ver Rm 5.12). O castigo imposto sobre o homem e a mulher, bem como o efeito do pecado sobre a natureza, tinham o propósito de relembrar à humanidade as consequências terríveis do pecado e de levar cada um a depender de Deus, com fé e obediência (ver Gn 3.16-19). A solução de Deus, para essa situação trágica, é oferecer perdão, graça, justiça e salvação a todos, “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.23,24).
As Escrituras dividem todos os seres humanos em geral, em duas classes: homem natural e homem espiritual. O homem natural não consegue compreender a Deus, nem seus caminhos; pelo contrário, depende do raciocínio ou emoções humanas. O homem espiritual crê em Jesus Cristo, esforça-se para seguir a orientação do Espírito Santo que nele habita (ver 1Co 2.14,15). Embora o cristão nascido de novo receba a nova vida do Espírito, ele tem residente em si a natureza pecaminosa, a qual precisa ser resistida e mortificada numa guerra espiritual contínua, com a ajuda do Espírito Santo (ver Gl 5.17), para estar em sintonia com a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Esta deve ser a sua meta: permitir que a vontade de Deus seja a sua.
Os dias são maus por causa da influência do pecado, mas a Bíblia diz que “Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; e o coração do sábio discernirá o tempo e o modo” (Ec 8.5). Vivemos num tempo em que todas as coisas do mundo se aproximam rapidamente do fim. Por essa razão, este viver terreno não deve ser a nossa maior preocupação “porque a aparência deste mundo passa” (1Co 7.31). A nossa maior alegria deve ser por estarmos redimidos do pecado e destinados ao céu (ver Lc 10.20). A nossa maior preocupação deve ser temer a Deus, guardar o Seu mandamento, conhecer a Sua vontade, o Seu plano e propósito redentor. O conhecimento pessoal de Deus e a comunhão íntima com Ele destinam-se aos que O temem e que repudiam o mal como disse o salmista Davi no Salmo 25.14: “O segredo do Senhor é para os que O temem; e Ele lhes fará saber o Seu concerto”.
A Bíblia revela repetidamente como o povo de Deus muitas vezes deixa de perceber o que Deus está fazendo ou está prestes a fazer. Israel, como um todo, estava cego e ignorante quando Deus, na plenitude dos tempos, enviou Seu Filho como o Messias que lhes fora prometido. Do mesmo modo, e com muita frequência, a igreja não reconhece, nem discerne quando Deus está cumprindo um determinado aspecto do Seu propósito. Assim, devemos ter sempre em vista a perspectiva dos valores eternos, sabendo que não podemos descobrir o propósito de Deus para a nossa vida por meio de nossos esforços. Deus achou por bem não revelar claramente todas as coisas a princípio, numa leitura superficial das Escrituras, mas àqueles que O buscam com diligência desfrutarão desse manancial “A glória de Deus é encobrir o negócio, mas a glória dos reis é tudo investigar” (Pv 25.2).
As Escrituras mencionam de modo especial os filhos de Issacar como “destros na ciência dos tempos”, porque eles, dentre as doze tribos de Israel, compreendiam os tempos e discerniam o que Deus estava realizando. Como resultado, seu conhecimento e capacidade de julgamento forneceram a ajuda necessária na tomada de decisão a favor da nação quando Deus elevou Davi ao trono como Seu ungido (ver 1Cr 12.23-40). Necessário é discernirmos os tempos e as estações para cooperarmos com Deus numa missão determinada, e acolher ou apoiar uma visão da parte de Deus, em tempos de mudança.
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