“Junto aos rios da Babilônia nos assentamos e choramos, lembrando-nos de Sião. Nos salgueiros, que há no meio dela, penduramos as nossas harpas. Porquanto aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; e os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos um dos cânticos de Sião. Mas como entoaremos o cântico do Senhor em terra estranha”?
Este Salmo expressa os sentimentos de um exilado que acaba de voltar da terra do cativeiro. Provavelmente, o autor foi levita que tinha sido levado cativo pelos exércitos de Nabucodonosor na ocasião em que o Templo de Salomão foi destruído, e que era um dos primeiros a voltar para Jerusalém quando o edito de Ciro foi publicado. Agora está de volta na terra da sua infância, terra esta que ainda mostrava os danos feitos pelos exércitos inimigos que despojaram e destruíram tudo quanto podiam. O templo ainda está em ruínas. O coração do escritor está pesado com as lembranças dos maus tratos e lamenta a amargura do cativeiro.
Quando ficamos fora da vontade de Deus, e quando desprezamos os meios de graça que Ele oferece (oração, leitura bíblica, comunhão com os irmãos na fé, meditação, e a unção do Espírito Santo para santificação e poder), logo nos achamos ao lado de “rios da Babilônia” que nós mesmos produzimos. Embora seja coisa amarga ter perdido oportunidades espirituais que nunca voltarão, sofreremos piores amarguras se a nossa mágoa acerca do passado impedir de aceitarmos as oportunidades que hoje se apresentam.
Depois de corrigirmos na medida do possível o erro passado, e depois de aprendermos a lição moral nele contido, devemos nos esforçar e corrermos o máximo a fim de não ficarmos aquém do alvo que Cristo estabeleceu para nossa vida. O cântico dos remidos não é um hino fúnebre de pêsames pelo Éden perdido – é o “cântico novo” que diz respeito ao Paraíso Eterno cuja porta de acesso nos foi franqueada mediante o sacrifício de Jesus Cristo.
Não devemos passar muito tempo ao lado dos rios da tristeza, relembrando-nos dos Siões antigos. Quando o fracasso nos leva a examinarmos a nós mesmos, e a resolvermos que agora agiremos de modo bem mais espiritual, poderemos transformar a derrota passada em vitórias futuras. Antigas bênçãos não são suficientes para a vida de hoje, e antigas mágoas não devem estragar o presente. Nossa tristeza pode prejudicar a visão de um tempo em que novamente cantaremos canções alegres.
Para o judeu fiel, Jerusalém era a cidade de Deus, o lugar da Sua morada entre os homens. O ponto culminante da sua alegria era visitar o templo de Deus; no caso de viver numa terra distante, voltava-se na direção de Jerusalém para orar, e sentia saudades de estar ali. Suas mais profundas esperanças e alegrias estavam vinculadas à palavra “Jerusalém”.
Depois de o sacrifício de Cristo ter-se completado, foi rasgado o véu do templo em Jerusalém. Já não necessitamos mais de qualquer templo físico centralizado – nossa vida espiritual está firmada nos céus (ver Cl 3.1-4).
O Salmo do Cativeiro não somente conta a história da nação de cativos, chorando às margens dos rios da Babilônia há milhares de anos; conta também a história espiritual do ser humano depois da queda e da expulsão do Paraíso. Desde então, o ser humano anda vagueando sonhando em seu lar perdido, que agora só pode ser conquistado de volta mediante a conversão a Jesus Cristo.
Chega de choro e lamentos pelas oportunidades perdidas. Você ainda pode desfrutar da vida e vivê-la sabiamente. Deixando os fracassos para trás, e procurando a graça de Cristo para o presente e o futuro, você pode sim, cantar o cântico novo, celebrando o poder do Senhor para perdoar e redimir.